Por Luís Carlos Moro - 13/05/2020

720 publicações durante a pandemia e a suspensão dos prazos...
Para ser tempestivo como advogado, tive que ser intempestivo na vida.
Sem responder e-mails, a não ser os que me põem em risco profissional.
WhatsApp? Nem pensar.
O tempo não para e o prazo não é uma invocação preliminar em peça processual.
É a responsabilidade civil.
A crise em meio à crise, que me põe atento à colocação da crase. A crase importa!
Assim passo os dias. Atento à crase, à anticrese, à autocrítica do texto em favor do alheio. Sublimo a necrose da sociedade, a necropolítica, às covas rasas e fundas, individuais e coletivas. Advogo.
Sem me comunicar com quem amo. Os prazos cobram.
Sem cumprimentar amigos que aniversariam, sem dar pêsames aos que perderam os seus, sem beijos em minha mãe e nas mães a quem devoto meu afeto, sem ouvir as participações importantes de colegas e amigos em lives, debates, monólogos, sem estudar os manuais das covideoconferências.
Perdi a civilidade em meio à cavilosa “covidade”, capturado na cavidade que chamo de casa ou lar, convertida na caverna do labor, o meu novo “larbor”.
Peço perdão. Perdoe, mãe. Perdoem, filhos. Perdoem companheira, irmão, amigos, colegas. Perdoem, acadêmicas e acadêmicos. Sou a representação moderna do mito da caverna.
Naturalizemos tudo e vamos trabalhar. As estatísticas precisam de nós.
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Luís Carlos Moro é advogado trabalhista e ex-presidente da Associação dos Advogados Trabalhistas de São Paulo, da Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas e da Associação Latinoamericana de Advogados Trabalhistas. É membro da Academia Paulista de Direito do Trabalho (APDT).
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As opiniões aqui publicadas são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, o posicionamento da APDT e seus acadêmicos.
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